sábado, 23 de abril de 2016

FIDEL CASTRO: O povo cubano vencerá!

Discurso do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz, na cerimônia de encerramento do VII Congresso.
 
Constitui um esforço sobre-humano dirigir qualquer povo em tempos de crise. Sem eles, as mudanças seriam impossíveis. Em uma reunião como esta, na qual se congregam mais de mil representantes escolhidos pelo próprio povo, que neles delegou sua autoridade, significa para todos a honra maior que receberam na vida. A este se soma o privilegio de ser revolucionário, o que é fruto de nossa própria consciência.

Por que me tornei socialista, mais claramente, por que me converti em comunista? Essa palavra que expressa o conceito mais distorcido e caluniado da história por parte daqueles que tiveram o privilégio de explorar os pobres, despojados desde que foram privados de todos os bens materiais que provêm o trabalho, o talento e a energia humana. Desde quando o homem vive nesse dilema, ao longo do tempo sem limite. Sei que vocês não necessitam desta explicação, porém sim, talvez alguns ouvintes.

Simplesmente falo para que se compreenda melhor que não sou ignorante, extremista, nem cego, nem adquiri minha ideologia por minha própria conta, estudando economia.

Não tive preceptor quando era um estudante das leis e ciências políticas, para as quais têm um grande peso. Isso é claro, quando tinha em torno de 20 anos e era aficionado em esporte e em escalar montanhas. Sem preceptor que me ajudasse no estudo do marxismo-leninismo; não era mais que um teórico e, é claro, tinha confiança total na União Soviética. A obra de Lenin desprezada após 70 anos da Revolução. Que lição histórica! É possível afirmar que não deverão transcorrer outros 70 anos para que ocorra outro acontecimento como a Revolução Russa, para que a humanidade tenha outro exemplo de uma grandiosa Revolução Social que significou um enorme passo na luta contra o colonialismo e seu inseparável companheiro, o imperialismo.

Talvez, no entanto, o perigo maior que hoje se encerra sobre a terra deriva do poder destrutivo do armamento moderno, que poderia minar a paz do planeta e tornar impossível a vida humana sobre a superfície terrestre.

Desapareceria a espécie como desapareceram os dinossauros. Talvez tivesse tempo para novas formas de vida inteligente ou talvez o calor do sol cresça até fundir todos os planetas do sistema solar e seus satélites, como grande número de cientistas reconhece. Se forem certas as teorias de vários deles, as quais nós leigos não ignoramos, o homem prático deve conhecer mais e adaptar-se à realidade. Se a espécie sobrevive um espaço de tempo muito maior, as futuras gerações conhecerão muito mais que nós, ainda que primeiro tenham que resolver um grande problema. Como alimentar os milhares de milhões de seres humanos cujas realidades chocariam irremissivelmente com os limites de água potável e recursos naturais que necessitam?

Alguns ou talvez muitos de vocês se perguntem onde está política neste discurso. Creiam que me envergonho de dizer isso, mas a política está aqui nestas moderadas palavras. Espero que muitos seres humanos se preocupem com estas realidades e não continuem como nos tempos de Adão e Eva, comendo maçãs proibidas. Quem vai alimentar os povos sedentos da África sem tecnologias a seu alcance, nem chuvas, nem barragens, nem mais depósitos subterrâneos que os cobertos por areias? Veremos que dizem os governos que quase em sua totalidade assinaram os compromissos climáticos.

É preciso martelar constantemente sobre estes temas e não quero estender-me além do imprescindível.

Dentro em breve cumprirei 90 anos. Nunca tinha me ocorrido tal ideia e nunca foi fruto de um esforço. Foi um capricho do destino. Dentro em breve serei já como todos os demais. A todos chegará esse momento, porém ficarão as ideais dos comunistas cubanos como prova de que neste planeta, caso se trabalhe com fervor e dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais que os seres humanos necessitam, e devemos lutar sem trégua para obtê-los. A nossos irmãos da América Latina e do mundo devemos transmitir que o povo cubano vencerá.

Talvez seja uma das últimas vezes que falo nesta sala. Votei por todos os candidatos submetidos à consulta pelo Congresso e agradeço o convite e a honra de escutar-me. Felicito a todos e, em primeiro lugar, ao companheiro Raúl Castro por seu magnífico esforço.

Empreenderemos a marcha e aperfeiçoaremos o que devemos aperfeiçoar, com lealdade meridiana e a força unida, como Martí, Maceo e Gómez, em marcha irrefreável.
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Fidel Castro Ruz

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