A ida de Lula para a Casa Civil fez o juiz do Paraná vazar os áudios. A grande mídia se encarregou de construir a narrativa de que ele queria se livrar das investigações, usando Goebbels. Essa narrativa se deu a partir de trechos editados dos grampos ilegais, procurando a todo custo desconstruir a pessoa do ex-presidente, usando inclusive trechos de conversas pessoais suas e de seus familiares, culminando nas manifestações do dia 13/03 pedindo o “impitim” onde se via em cartazes o fim do Fies, do Prouni e outros programas sociais.
O maior problema dessas manifestações é que elas pedem o impeachment sem que a presidente tenha cometido crime de responsabilidade, replicando o discurso da grande mídia e dos interesses geopolíticos. Isso acelerou o processo de impedimento por um desqualificado como Cunha e seu bando. Agora imagine você: Temer presidente e Eduardo Cunha vice.
Em resposta a essa desfaçatez, as manifestações do dia 16 e 31/03 pela legalidade e democracia foi uma bofetada na cara daqueles que acharam que o PT e Lula estavam acabados. A paulista e a Praça da Sé cheiravam a gente, deixando claro que os tempos são outros. Que as vozes dos dias 16 e 31 se opõem a corrupção, mas não aceitam a ruptura institucional. As manifestações desses dias demonstraram grandiosidade democrática porque muitos dos que estavam ali têm críticas severas contra o atual governo, mas não aceitam o rancor dos que perderam as eleições, nem dos que retaliam o governo.
Nelas não havia champanhe, nem gente pedindo fim dos programas sociais. Havia gente que sabe da importância e das conquistas desses quinze anos. Gente que, apesar de não concordar com a política atual do governo, mas não vocifera a favor do golpe, nem defende a maléfica Ponte para o futuro de um possível Temer.
E não tendo mais o que fazer contra Lula e o PT, a Lava Jato traz o caso Celso Daniel. Caso tão explorado pela mídia na CPI dos Bingos, investigado na época pela Polícia Federal na gestão FHC e da Polícia Civil de São Paulo, sob a responsabilidade do governador Geraldo Alckmin.
Tudo isso tem um objetivo: tentar empurrar goela abaixo que Lula é um bandido e o PT uma quadrilha comandada por ele. Essa é a narrativa.
Mas esses fatos e outros que virão não mais me surpreendem. O que me surpreendeu foi a resposta do porteiro da escola e a capacidade de ele sintetizar a pirotecnia dos os acontecimentos políticos numa frase: “Aquilo é política”
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por Ronaldo Pereira de Lima | ronperlim@gmail.com
