segunda-feira, 28 de maio de 2018

ARTIGO: Caminhoneiros, o poder de desestrutura de uma classe


Por Letícia Kirchnner

Letícia Kirchnner
Há exatamente  uma semana, o Brasil se deparou com a paralização dos caminhoneiros nas estradas do país. Reivindicação essa que causou certo mal-estar na conjuntura política. A priore, seria apenas mais uma reivindicação por conta do reajuste no preço do combustível. No entanto, com o passar dos dias, e da resistência por parte da categoria reivindicante, percebe-se que a luta ainda levará algum tempo, e já apresenta vários impactos na sociedade.

Boa parte da sociedade desconhece a importância dos caminhoneiros, embora seja ela que abasteça 80% dos serviços de transporte de cargas. E, é justamente esse poder que ameaça toda a cadeia industrial de distribuição de um país. Nunca em toda história foi de se imaginar que uma categoria aparentemente simples, pudesse causar uma enorme desestrutura na conjuntura social, econômica e política de uma nação.

Se fizermos uma retrospectiva da importância das greves dentro da sociedade, veremos o quanto elas foram primordiais na conquista dos direitos de um povo. E, podemos destacar que o inconformismo, foi o principal causador de revoltas em homens e mulheres dispostos a darem suas vidas em prol da mudança.

No Brasil, a primeira Greve Geral aconteceu em 1917 e foi gerida pela indústria e o comércio em São Paulo, durante a Primeira Guerra Mundial, promovida por organizações operárias de inspiração anarquista aliadas à imprensa libertária. A greve durou 30 dias.

Outro histórico de greve com resultados memoráveis, foi a ocorrida no Chile, em 1972.  Ela também foi uma greve de caminhoneiros, e durou 26 dias. Essa greve agravou a crise econômica pela qual passava o país. Incendiou diversos outros movimentos grevistas e culminou no que seria o golpe de Estado, que retirou do poder. o então presidente Salvador Allende.

Em nosso país, a sociedade já começa a sentir o impacto da paralização dos caminhoneiros. E eles são vários. Produtos alimentícios já começaram a faltar nas prateleiras dos supermercados. Há quem até já tenha iniciado seus estoques. Em virtude disso, alguns supermercados limitaram a venda de seus itens, no intuito de que não falte para ninguém.

E até a própria classe, já sente os efeitos do ato. Cargas de produtos estragadas no interior dos veículos. Pistas branca do leite que azedou. Postos de combustíveis vazios. Funcionários esperando ônibus para ir trabalhar. Os caminhoneiros tem poder de parar tudo. O Governo já enviou as forças armadas para desobstruir as estradas. O povo, em sua maioria apoia a greve. É inaceitável pagar tão caro na gasolina, assim como no botijão de gás.

Salienta-se no entanto, que uma greve dos professores pode não ser sentida na esfera social, pois nem todos a adere. Mas, a greve dos caminhoneiros pode parar um país. Apesar dos grandes esforços realizados nesses últimos dias pelos manifestantes, sabe-se que quando tudo voltar ao normal, haverá uma conta bem alta a ser paga, já que vários setores foram atingidos. E, todos é claro pagará essa conta.

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Letícia Kirchnner, Jornalista, formada pela Universidade Federal de Sergipe

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