Uma gritaiada desartutida vindo lá de baixo. Bem lá de
baixo! De baixinho mesmo... e os garrotes se entreolhavam, se
engalfinhavam como urubu 50 no pedacinho morto de carniça esquecida
semana atrasada na estrada deserta.
Não tinha jeito que desse jeito. Era pau de dá em doido. Um
por cima do outro... outro por cimas do um...cismaram em se dá de socos
e pontapés. Tudo por mode de uma arenga boba de quem vai mandar. Mandar
neles sim. Torná-los brinquedos quebrados, enferrujados e sem óleos nas
juntas - fantoches.
Largaram a gritar no oco do mundo que fulano era melhor,
que beltrano não ia roubar, que sicrano ia calçar a cidade. De cá do meu
canto frio e desassossegado só via cuspes e faíscas voando feito urubu
depois de comer a carniça esquecida semana atrasada na estrada deserta.
Continuei a curiar. Mas né que era um tar de mugido solto
nu na noite. Finda a historia, garrote continuou sendo garrote, mais que
isso, melado de sangue alheio. Fantoche se assujeitou a ser fantoche.
Brinquedo veio. E quem manda, manda mesmo, a ferro e fogo, a lábia e
roubo.
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por Luiz Gomes; professor, da rede estadual, ator e diretor teatral
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por Luiz Gomes; professor, da rede estadual, ator e diretor teatral