Um dos temas mais controversos no Brasil
atual é o tratamento institucional que a sociedade deve dar ao uso de
maconha. Criminalização, descriminalização ou legalização: haveria algum modelo melhor para o Brasil?
Uma
das experiências mais citadas quando o tema é maconha é o
estado americano do Colorado, no qual, desde 2014, existe a venda
legalizada de maconha para uso recreativo. A legalização da maconha do
Colorado, a mais duradoura experiência no mundo ocidental, serviria como
base para uma reforma da lei de drogas para o Brasil?
A
resposta para essa questão não pode ser feita em termos de sim ou não.
É necessária a desmistificação da legalização de maconha recreacional
no Colorado (assim como, atualmente, em diversos estados
norte-americanos e, em breve, no Canadá).
O estado do Colorado, ao
legalizar a maconha e transformá-la em um produto de varejo, respondia a
necessidades e costumes muito específicos de sua sociedade e pouco
teria a dizer em relação às necessidades e costumes brasileiros. Do
ponto de vista da saúde pública, o modelo do Colorado não vem
conseguindo oferecer proteção suficiente para grupos vulneráveis da
sociedade, principalmente menores de idade, a despeito dos esforços
competentes dos agentes de saúde pública locais.
As
discussões a respeito da política de drogas – especialmente maconha –
no Brasil não passam por comparações com o modelo que o Colorado
vem desenvolvendo há cerca de cinco anos. Não porque não sejamos
competentes ou incompetentes, modernos ou atrasados, mas porque temos
outras questões a resolver, outras estruturas sanitárias, outros
problemas sociais. Somos nós mesmos que teremos que desenvolver uma
política de drogas que sirva para as necessidades de nossa sociedade. A
importação pura e simples de experiências de outros locais não serve
para o Brasil.
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Prof. Dr. Guilherme Messas, Psiquiatra especialista em Álcool e Drogas, é Professor e Coordenador do Programa de Duplo Diagnóstico em Álcool e Outras Drogas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Coordenador da Câmara Temática Interdisciplinar sobre Drogas do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Ele esteve em Denver, Colorado, EUA, estudando o tema deste artigo, de 3 a 5 de junho.
Prof. Dr. Guilherme Messas, Psiquiatra especialista em Álcool e Drogas, é Professor e Coordenador do Programa de Duplo Diagnóstico em Álcool e Outras Drogas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Coordenador da Câmara Temática Interdisciplinar sobre Drogas do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Ele esteve em Denver, Colorado, EUA, estudando o tema deste artigo, de 3 a 5 de junho.
O autor está disponível para entrevistas sobre o tema. Contatos pelo e-mail: oscar.dambrosio@ fcmsantacasasp.edu.br
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