O “Majestoso”, como era conhecido o Gabinete de
Leitura de Maruim, completa neste sábado, 19, 140 anos de contribuiçãoà cultura sergipana.
Com projeto arquitetônico de Corinto Pinto de Mendonça, o prédio do
Gabinete, localizado na Praça Barão de Maruim, foi palco de grandes
oradores como Tobias Barreto, Fausto Cardoso, Deodato Maia, Thomaz Cruz,
Clodomir Silva, Felisbelo Freire, Homero de Oliveira, Otto Schramm, José
Quintiliano da Fonseca, Gumersindo Bessa, Pe. Leonardo Dantas, entre
outros nomes da história sergipana.
Segundo o
historiador Adailton Andrade, os Gabinetes de
Leitura foram introduzidos no Brasil pelos portugueses. “O Rio de Janeiro foi o
primeiro Estado a receber o Gabinete, mais tarde foram criados os de Pernambuco
(1850) e o da Bahia (1863). Sabe-se ainda da existência de outros Gabinetes
fundados normalmente por estrangeiros, que residiam no Brasil. Em Sergipe
existiram, o Gabinete Literário Laranjeirense, o Gabinete de Leitura de
Riachuelo, Gabinete de Leitura de Tobias Barreto, e o Gabinete de Leitura de
Maruim, que completa 140 anos de existência como guardião da história e memória
do povo sergipano”, comentou.
Segundo Adailton Andrade, o Gabinete de Leitura de Maruim teve como
mentor o cônsul alemão Otto Schramm. “As cartas de sua tia Adolphine Schramm
revelam que em 1860, já possuía em sua residência um rico acervo, que
possivelmente, todo ou parcialmente, fora transferido para a biblioteca do
Gabinete. Estamos tratando de um espaço de sociabilidade, com um vasto capital
cultural, não só para Maruim, mas de referência em Sergipe, tanto enquanto
Província do Império, como em Estado da Federação, haja vista a importância
deste espaço em ocasião dos acalorados debates liberais republicanos”,
ressaltou o historiador.
De acordo com o historiador Adailton Andrade, no final do século XIX, no
acervo do Gabinete de Leitura, constava obras de Voltaire (1860), Rousseau
(1857), Júlio Verne (1878), Michelet (1863), Balzac (1863), M. A. Thiers (1862)
com a sua “História da Revolução Francesa”, Antônio Feliciano de Castilho
(1863) em “Camões: estudo histórico e poético”, Frédéric Soulie (1852) com “Le
Veau d’or”, I. F. da Silva e L. A. Rebello da Silva (1853) em “Poesias de
Manuel Maria de Barbosa du Bocage”, Sebastião da Rocha Pitta (1880) “História
da América Portuguesa”, Visconde de Taunay (1896) com “Innocencia”. Essas
obras, geralmente, eram editadas em Paris (França), Bruxelas (Bélgica) e Lisboa
(Portugal).
Por sua importância, o Gabinete de Leitura foi reconhecido como
Utilidade Pública Federal em 1º de outubro de 1919, através do Decreto nº
3.776, assinado pelo presidente da República, Epitácio Pessoa, por intermédio
do deputado federal Deodato Maia. Desde 1992, o Gabinete de Leitura foi
municipalizado pelo então prefeito de Maruim, Murilo Mota de Oliveira, que o
transformou em Biblioteca Pública Josias Vieira Dantas.
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Keizer Santos
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