O deputado federal André Moura, PSC, pode ser lá o líder do Governo mais impopular da história da República Federativa do Brasil, que é este do senhor Michel Temer, MDB.
Isso pode até gerar - e tem de fato gerado - em adversários antigos e recentes de André um poderio de contra-ataque acachapante ao seu projeto de mudar de status, indo de deputado federal a senador nas eleições deste ano.
Mas na tarde desta quinta-feira, dia 5 de julho, André Moura conseguiu dar uma demonstração de que tudo indica que ele poderá passar batido à grande cruzada que tenta entornar o projeto político dele.
Na tarde desta quinta sobrou indícios de que o tal do líder do Governo pode estar infenso, inalcançado, a determinadas cocós e às más vontades que a cena política engendra e dispara nessas horas em que alguém “em fase de crescimento” busca um novo espaço de poder um pouco mais acima.
Na verdade, André Moura se viu tomado por uma certa ousadia e um certo arrojo político ultimamente. Ex-prefeito de Pirambu, ex-deputado estadual, ele pegou gás com o espaço que ocupou de líder do Governo na Câmara e depois no Congresso. Não está errado. E entrou 2018 pensando alto. Chegou a mirar o Governo do Estado, mas “desceu” ao Senado e somou com o sonho de Eduardo Amorim, PSDB.
E nesta quinta, para promover o evento “Cidades Fortes, Sergipe Forte”, no qual anunciou o carreamento de R$ 1.461.067.292,42 de recursos para o Estado de Sergipe pelo seu mandato, André quase conseguiu empenar um dos maiores hotéis da Orla de Atalaia, o Del Mar, da família Silva. Atrapalhou o trânsito da orla. No Del Mar, tinha gente escapando pela chaminé, saindo pela cumeeira. O ato assumiu feições de evento de candidato a governador.
De acordo com o próprio André Moura, havia em torno de 60 prefeitos e umas três ou quatro vezes mais que isso entre ex-prefeitos, vereadores, secretários municipais, lideranças avulsas, sem contar com cinco deputados estaduais - Zezinho Guimarães, que vota em Belivaldo Chagas, Samuel Barreto, Antonio dos Santos, Vanderbal Marinho e Venâncio Fonseca -, o pré-candidato ao Governo pelas oposições, senador Eduardo Amorim, e o outro pré-candidato a senador pelo grupo, Heleno Silva, PRB.
Para se ter noção do peso do evento “Cidades Fortes, Sergipe Forte”, o que reflete o peso da figura pública de André Moura na política estadual atual, das seis maiores cidades de Sergipe - Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana, São Cristóvão e Estância -, só não estavam presentes os prefeitos de Socorro, Padre Inaldo Silva, PC do B, e de São Cristóvão, Marcos Santana, MDB. Eles estão no projeto de Belivaldo Chagas.
Edvaldo Nogueira, PC do B, de Aracaju, foi ao evento, pediu para ser o primeiro a falar, porque teria um outro ato a participar, e em 13 minutos de discurso deu um show de puro reconhecimento do significado de André Moura enquanto apoiador de todas as gestões públicas de Sergipe - claro que puxando a sardinha para os R$ 310 milhões que viabilizaram a sua administração nestes 18 meses (leia a íntegra do discurso de Edvaldo aqui nesta Coluna Aparte).
Para se ter noção da pluralidade do evento, André recebeu declaração de voto e de apoio até de prefeito do PT. Foi exatamente o que fez o prefeito de Macambira, professor Luciano de Vital. Ele disse que não estava ali para fazer negócio com votos, mas justificou que ele e todos os vereadores que lhe seguem em Macambira iriam apoiar a pré-candidatura de André. O prefeito Valmir Monteiro disse que em um ano e meio de sua gestão, André conseguiu carrear mais recursos para Lagarto do que qualquer um outro em dez anos. O deputado Zezinho Guimarães, MDB, fez um discurso inflamado e emotivo sobre a necessidade de Sergipe ter André no Senado.
Em seu discurso, André criticou o Estado por estar pedindo, sem as reais condições, um empréstimo de R$ 100 milhões e comparou com o fato de, através dele, as diversas gestões municipais estarem a receber, somente nesta semana em que as torneiras das transferências se fecham, R$ 100 milhões alavancados por seus esforços. “E isso não é empréstimo”, pontuou.
André Moura manteve o mesmo discurso do lançamento da pré-candidatura, de afirmar crença e fé no poder do municipalismo - e o fez pontuando, como se fossem vírgulas, os nomes de cada prefeito e prefeita presentes ao evento. Mas o tom mais soberano do ato veio do fato de ele trazer à cena, como figura do futuro, o pré-candidato ao Governo Eduardo Amorim. Sim, porque o evento era dele enquanto pré-candidato ao Senado. “Isso (os recursos anunciados) é fruto de muito trabalho, da nossa parceria com o senador Eduardo Amorim e principalmente da nossa parceria com os prefeitos sergipanos”, disse, para ressaltar os R$ 1,46 bilhão.
“E eu quero aqui, Eduardo, falar diretamente para você que será no próximo ano o governador de todos nós sergipanos, e só para reavivar, porque eu sei que tanto quanto eu você é um municipalista: eu não acredito em governo que não entenda que um Estado só pode ir para frente, só pode crescer, só pode ser um Estado verdadeiramente com perspectiva de futuro, se as ações ocorrerem através das Prefeituras, dos seus municípios”, disse ele.
“Porque é nos municípios que nascem e surgem os problemas. E são com os municípios e seus prefeitos e prefeitas que temos que encontrar as soluções para estes problemas. Então, meu irmão, saiba que você vai ter em mim um soldado lá em Brasília. Vai ter um segundo soldado, em Heleno Silva. Todos nós trabalhando para que a gente possa trazer muito mais do que isso para o Estado de Sergipe”, completou.
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Por Jozailton Lima
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