domingo, 31 de julho de 2016

EM SÃO FRANCISCO: Leoa recebe apoio de grupos LGBT:s e de ex-eleitores de adversario

Candidata do PSB marchando com apoio da diversidade e contra toda forma de preconceito une cidade e povoados

Realizada no final da manhã deste domingo,  31, a convenção eleitoral do PSB e partidos coligados aprovou o nome de Altair Nascimento (PSB) para prefeita e de Nel (PSD) para vice-prefeito
No mesmo conclave foi aprovado o nome da coligação "A Resposta do Povo" que reunirá o PSB, PSD, PCdiB.e forcas supraapartidáriss e uma chapa proporcional que terá 12 candidatos a vereadores.

A LEOA comi é conhecida a agora candidata recebeu durante o ato o apoio de dezenas de famílias que antes eram eleitoras do seu adversário, entrando e sendo saudados por todos que se encontravam no espaço da convenção.

Um dado bastante significativo foi a presença de grupos LGBT's que não apenas declararam apoio a Altair e Nel, bem como se comprometeram em engajamento na campanha quando esta estiver liberada. 

A coligação liderada por Altair defende a liberdade e a diverside, sendo contra todas as formas de preconceitos. 

A convenção da coligacao "A Resposta do Povo" foi marcada pela emoção e lançado de forma expontanea um sentimento de voluntariado que cresce e se consolida unindo a cidade e comunidades rurais em torno de um projeto mauor que seus protagonistas.

Em 53 anos de história de São Francisco, nunca uma campanha eleitoral conseguiu a singularidade e pluralidade numa cidade em torno de sentimento tão significativo com as bênçãos da saudosa Maria Lúcia, mãe de Altair, de Altamiro, do saudoso Arnon e referência em retidão.
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por Claudomir Tavares | VOZ DO SÃO FRANCISCO - Ecoando as ondas de Propriá, integrando Sergipe e Alagoas

EXCLUSIVO: Paulo Dantas será o candidato do DEM a Prefeitura de Propriá

O radialista e advogado Paulo Dantas foi convidado e aceitou o desafio de disputar as eleições para a prefeitura de Propriá, diatante 98 km da capital, Aracaju,  pelo DEM.

Ele participou agora pela manhã de uma reunião na residência da ex-prefeita Dona Meninjnha, da qual estiveram presentes alem dela, seus filhos e tambem ex-prefeitos Luciano (Propriá) e Zé João Nascimento (Telha).

Nas próximas horas serão divulgadas fotos da reunião e nota confirmando esta notícia que a Rede Popular de Comunicação Alternativa divulga na barca da exclusividade. 

A candidatura de Paulo Dantas redefine o tabuleiro da disputa eleitoral em Propriá,  pois ele leva consigo o espólio do mais fiel eleitor daquele município.

Acrescenta-se a isso a capacidade de ampliar para além das hastes do Democrata, sendo uma possibilidade real, não penas polarizar, mas de alcançar a vitória. 

A Convenção Eleitoeal que irá homologar o nome de Paulo Dantas como candidato a prefeito do DEM será realizada na próxima quinta-feira, 04.
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por Claudomir Tavares |VOZ DO SÃO FRANCISCO - Ecoando as ondas de Propriá, integrando Sergipe e Alagoas

NOTA OFICIAL:Lutar não é crime!

Nota de repúdio do PCB ao monitoramento da PM-RJ a atividades políticas

O PCB vem a público repudiar o monitoramento ostensivo às atividades políticas, por parte da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ontem, dia 28 de Julho, o PCB organizava um importante debate sobre “Desmilitarização da Segurança Pública”, com a presença de muitos jovens, intelectuais, militantes do movimento negro, feminista e de favelas. Logo no início, houve a tentativa de invasão à nossa sede nacional pela PM-RJ. Os policiais justificaram sua presença para cumprirem ordens superiores de monitoramento de “manifestação”. Além disso, afirmaram que nosso evento não era o único monitorado.

A entrada da PM no debate foi inviabilizada graças ao diálogo e à intervenção do advogado Marcelo Chalreo, presidente da comissão de direitos humanos da OAB-RJ. Felizmente, a atividade transcorreu com tranquilidade e grande êxito.

Denunciamos que o monitoramento e a repressão aos movimentos populares e partidos de esquerda serão cada vez mais constantes, tendo em vista a conjuntura de ataques dos vários governos burgueses a direitos trabalhistas, sociais e democráticos da classe trabalhadora. No caso do Rio de Janeiro, em nome da realização dos jogos olímpicos, aprofunda-se a seletividade do dito Estado Democrático de Direito.

Nesse sentido, o ataque à sede do PCB não é restrito apenas ao partido. A criminalização da pobreza e dos movimentos populares afetam a vida cotidiana de milhares de mulheres e homens da classe trabalhadora em todo o nosso país. É urgente a mais ampla unidade dos setores democráticos e de esquerda contra a ofensiva conservadora capitaneada pela burguesia e seus governos.

Unidade dos que lutam!

Em defesa dos direitos dos trabalhadores!

Pelo Poder Popular!

ENEM 2016: Estudantes do Baixo São Francisco participaram de Aulão em Neopolis

Estudantes da rede oublica participaram durante todo o dia de ontem, 30, de um Aulão preparatório para o  ENEM 2016, na cidade de Neopolis, distante 121 km da capital, Aracaju.

A ação foi coordenada pela SEED/SE, através do Programa Pré-Universitário e teve como público alvo estudantes no âmbito da DRE 06, sediada na cidade de Propriá, que contempla 14 municípios no Baixo São Francisco.

Segundo a professora Ana Amélia (Espanhol), "foi ótimo,  um dia bem proveitoso", descreveu. Também se fez presente o professor Elder Melo (Biologia), ambos do Polo de Propriá.
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por Claudomir Tavares - VOZ DO SÃO FRANCISCO - Ecoando as ondas de Propriá, integrando Sergipe e Alagoas

sábado, 30 de julho de 2016

OAB/RJ critica investida da PM contra evento do PCB

A OAB/RJ divulgou nota oficial nesta sexta-feira, dia 29, criticando a investida de integrantes da Polícia Militar do Rio de Janeiro contra um evento promovido pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), na última quinta-feira. O debate, ocorrido na sede do partido, tratava da desmilitarização das polícias.

Leia abaixo a íntegra do texto.

NOTA OFICIAL
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, vem a público manifestar sua preocupação com o fato de membros da Polícia Militar do Rio de Janeiro terem comparecido na noite de ontem à sede nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB), onde se realizava um debate público sobre a “desmilitarização das polícias “, que contava com a presença de vários militantes e estudiosos do tema.
A investida contra a sede do PCB parece fazer parte do clima de paranoia que perpassa vários estamentos de segurança do país, desencadeando, assim, atos e ações que afrontam os direitos constitucionais de reunião, de expressão, manifestação e organização e que prontamente rechaçamos como atentatórios ao Estado Democrático de Direito.
Não coadunamos e não coadunaremos em quaisquer hipóteses com atitudes como essa e a Seccional estará, mais uma vez, apta e pronta a defender as consignas duramente conquistadas pelo povo brasileiro.
Rio de Janeiro, 29 de julho de 2016.
Felipe Santa Cruz
Presidente da OAB/RJ

GENALDO MELO: O coronel eletrônico brasileiro

No seu mais recente relatório sobre a questão do domínio do setor dos meios de comunicações no mundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) apresenta um capítulo exclusivo sobre o Brasil, em que relata como um dos maiores beneficiários políticos dos veículos de comunicações no país, nada mais nada menos, do que o Senador Aécio Neves (PSDB). No documento do RSF para tratar do assunto usa-se o termo “coronel eletrônico”, numa alusão aos grandes proprietários de terras, os coronéis, artífices do sistema político que sustentou a Velha República (1889-1930).

Para o Repórteres Sem Fronteiras o modelo de propriedade da mídia no Brasil sob o controle de políticos além de se assemelhar ao sistema dos coronéis do passado, como descrito por Vitor Nunes Leal em seu “Coronelismo, voto e enxada” de 1949, assemelha-se também ao modelo utilizado por Sílvio Berlusconi na Itália recente, ex-Primeiro Ministro que é dono diretamente de diversos meios de comunicações sem intermediários, o que se caracteriza como um sistema de controle e monopólio nefasto para qualquer nação, pois esses novos “coronéis eletrônicos” nada mais fazem do que utilizar seus veículos de comunicações em benefícios próprios.

No Brasil como citado, entre os “coronéis” da mídia incluem-se Aécio Neves, que sem sucesso nas últimas eleições desafiou Dilma Rousseff pela Presidência da República. Mesmo perdendo as eleições a RSF choca em seu relatório com o tamanho do patrimônio midiático do homem que mesmo assim continua Senador da República, pois discretamente ele, com sua irmã e sua mãe são acionistas da Arco-íris, uma estação de rádio em Belo Horizonte, que exerce influência direta em várias emissoras educativas e municípios do Estado de Minas Gerais. Para a RSF a condição de proprietário de veículo de comunicação permite que Aécio Neves “promova a sua carreira política a um custo reduzido e também garante que seus veículos de imprensa fiquem com uma fatia respeitável das verbas publicitárias que o Governo Federal destina à imprensa local”.

Além do relatório da RSF denunciando esse abusivo controle da mídia local, lembramos também que em outubro de 2014 a Folha de São Paulo revelou que “ o Governo de Minas Gerais se recusou várias vezes nos últimos anos a divulgar informações sobre despesas que realizou para veículos de publicidade oficial em três rádios e um jornal controlados pela família do presidenciável”.

Apesar de a Constituição Federal proibir que políticos em cargos eletivos, como é o caso de Aécio Neves, sejam donos de emissoras de rádios e televisão com concessão pública no Brasil, essa determinação por fatores exatamente políticos nunca foi cumprida. Diante da omissão do Governo Federal, a sociedade civil tenta agir sem muito sucesso até agora para combater o “coronelismo eletrônico”. Desde 2011 tramita no Supremo Tribunal Federal uma ação elaborada pela Intervozes e pelo PSOL, que pede a declaração de inconstitucionalidade à concessão de radiodifusão à emissoras controladas por políticos, e até agora nada!

Apesar de que desde novembro passado procuradores do Ministério Público Federal, com autorização da Procuradoria-Geral da República, terem recebidos uma representação assinada por diversas entidades da sociedade civil pedindo o cancelamento das concessões, permissões e autorizações de radiodifusão outorgadas à pessoas jurídicas que possuam políticos titulares de mandatos eletivos como sócios ou associados, ainda continuam na lista de donos de empresas de comunicações no país, além de Aécio Neves, denunciados por Repórteres Sem fronteiras, mais de 40 políticos, entre eles o atual Ministro José Sarney Filho (PV-MA), os senadores Tasso Ribeiro Jereissati (PSDB-CE), José Agripino (DEM-RN), Edison Lobão (PMDB-MA), e Fernando Collor (PTB-AL).
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sexta-feira, 29 de julho de 2016

JAPARATUBA: Ex-prefeitos estão inelegíveis.

Lara Moura e Sukita continuam inelegíveis para as eleições 2016

A cada eleição, as ações judiciais promovidas por candidatos, partidos e coligações impugnando a legitimidade de candidaturas e conformidade do pleito cresce em multiplicação constante no fenômeno conhecido por judicialização do processo eleitoral.

Em Sergipe o caso não é diferente, pois o tema referente à inelegibilidade dos políticos “fichas sujas”, continua sendo objeto de discussão seja na mídia ou na doutrina especializada. Ao todo, 188 gestores públicos de Sergipe, que concorreram às eleições passadas, estão inelegíveis nas eleições de 2016. 

Entre os citados estão deputados estaduais, ex-deputados estaduais, ex-prefeitos e vereadores, alguns, inclusive, que pretendiam e que ainda pretendem disputar mandato este ano. No estado, há processos instaurados devido a danos ao erário público, omissão no dever de prestar contas e até aplicação irregular de recursos, entre outros.

Como o caso do ex-prefeito de Capela, Manoel Messias Sukita Santos (Sukita), do Partido Trabalhista Nacional (PTN), e a ex-prefeita de Japaratuba, Lara Adriana Veiga Barreto (Lara Moura), do Partido Social Cristão (PSC). 

Sukita foi condenado em 2015 pela prática de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral de 2014 quando ele era candidato a deputado estadual.
Já Lara Moura, foi acusada em ação de improbidade administrativa no município de Pirambu em desvios de finalidade na realização das despesas, culminando em enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário municipal, na compra de alimentos e bebidas alcoólicas perante aos fornecedores, utilizando-se de recursos públicos, como consta no processo 201400707330.

Decisão

As decisões já são transitadas e julgadas, ou seja, não cabe recurso.  Em todo o país são 6,7 mil nomes de gestores públicos que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis por Tribunais de Contas. Por esta razão, a Justiça Eleitoral poderá barrar a candidatura nas eleições municipais de outubro de quem estiver na lista, porque os eventuais candidatos são considerados inelegíveis.

Lei

De acordo com Lei de Inelegibilidades (LC 64/1990), conhecida como Lei de Ficha Limpa, quem exerceu cargo ou função pública, teve as contas de sua gestão rejeitadas e não há mais como recorrer da decisão não pode se candidatar a um cargo eletivo nas eleições quem ocorrem nos oito anos seguintes após a data da decisão final.
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por Redação. | Tribuna da Praia e web Rádio Serigy - Sua melhor comoanhia na internet. Baixe e ouca oelo APP RadiosNet. #OuvirRadio http://l.radios.com.br/r/30241

ARTIGO O processo de expansão do capitalismo e a concentração de terras no Brasil - os interesses em questão


Por Ronilson Barboza de Sousa¹

A maneira como se processou a expansão das relações de produção capitalista no Brasil, diferenciando-se da forma como ocorreu em países da linha de frente do capitalismo, de alguns países da Europa Ocidental e dos EUA, em que gerou conflito entre os proprietários fundiários e a burguesia industrial, resultando na vitória da burguesia industrial e na distribuição da terra; no Brasil, principalmente com o fato de a burguesia ter emergido de parte do próprio latifúndio, a forma como o capital se expandiu promoveu a concentração de terras. Esse fato marcou a formação social e a dinâmica da luta de classes.

Na Inglaterra e nos EUA, por exemplo, a diferença entre terra e capital criou as condições históricas da existência de duas classes distintas: os proprietários da terra e os capitalistas. No caso da Inglaterra2, o conflito entre os proprietários fundiários e a burguesia industrial. Enquanto os proprietários fundiários - na obsessão pelo monopólio da propriedade fundiária e, portanto, pela garantia e expansão dos ganhos com a cobrança de renda da terra – se organizaram para impedir a importação de cereais por meio das leis dos cereais3; os capitalistas, buscando aumentar os seus lucros a partir da diminuição do custo de reprodução da força de trabalho, gerada pela queda do preço dos alimentos, organizaram-se para suprimir todas as restrições à importação de cereais. O resultado desse conflito foi o triunfo da burguesia industrial sobre os proprietários fundiários.

No caso dos EUA4, se estruturaram duas formas de ocupação do território. Ao norte, estabeleceu-se uma ocupação de povoamento, sobretudo por parte de camponeses fugitivos de guerras religiosas e das condições de miséria a que estavam submetidos em seus países de origem. Ao sul, estabeleceu-se uma forma de ocupação territorial muito parecida com a do Brasil, isto é, pelo latifúndio escravista e uma produção, para o mercado externo, de produtos tropicais como o tabaco, o algodão e o açúcar. No norte desenvolveu-se uma economia com pequenas manufaturas e com atividades comerciais que determinaram o surgimento de uma burguesia integrada ao processo histórico mundial da época (o período das revoluções burguesas, que vai do século XVIII até a primeira metade do século XIX, por volta de 1848). Essa burguesia assumirá uma postura revolucionária e será responsável pela condução política do processo de independência em relação à Inglaterra, em 1776, sendo que, no século seguinte, avançará sobre a estrutura escravista do sul, na Guerra Civil de 1861-1865, destroçando o latifúndio escravista que estrangulava o pleno desenvolvimento das forças produtivas capitalistas. A vitória dessa burguesia industrial sobre o latifúndio escravagista, garantiu a distribuição de terras, que aconteceu mediante uma lei de colonização, que estabelecia um tamanho máximo de propriedade, cerca de 89 hectares por família, e que mesmo os ex-escravos poderiam se apropriar da terra5.

Já no caso brasileiro6 aconteceu justamente o inverso. Não houve, aqui, um forte embate de classes entre a oligarquia agrária e a burguesia industrial. Não houve ruptura revolucionária com a ordem que consubstancia na manutenção do latifúndio escravista e configura a economia agroexportadora. Parte da oligarquia agrária, envolvida com economia agrário-exportadora foi gradativamente transformando-se em burguesia industrial. Parte relevante da riqueza sob controle dos agraristas envolvidos com a economia agroexportadora, principalmente com a produção cafeeira do século XIX, foi direcionada para as atividades urbano-industriais, a principio como uma forma de viabilizar a própria economia agrário-exportadora, para aumentar os ganhos com a atividade agrícola, e em seguida no próprio processo de industrialização do país.

O marco desse processo de industrialização do Brasil7 foi a chamada Revolução de 1930 (que, na verdade, não passou de um golpe de Estado, liderado por uma fração modernizadora da burguesia, representada por Getúlio Vargas). Ela marca o fim da hegemonia agrário-exportadora e o início da predominância da estrutura produtiva de base urbano-industrial, ainda que a participação da indústria na economia só supere a da agricultura em 1956. No entanto, os proprietários fundiários não foram banidos, como aconteceu no capitalismo clássico, mantiveram-se ativos, participaram na condição de agentes do negócio agroexportador. O governo Vargas não enfrentou os proprietários de terra. Na verdade, nesse governo estabeleceu-se um pacto, no qual os proprietários de terra não dirigiam o governo, mas não eram contrariados por ele, apesar de um certo controle da economia agrário-exportadora. É significativo, por exemplo, que o governo Vargas, que consolidou as leis trabalhistas, em 1942, não tenha estendido aos trabalhadores rurais. A economia agrário-exportadora mantém-se ativa, mas sem o estímulo de ser o centro do sistema.

Um conjunto de medidas foram adotadas8 para garantir o novo modo de acumular, para fazer da indústria o centro do sistema, principalmente com a intervenção do Estado: confiscando lucros parciais, a exemplo do café; aumentando o custo relativo dos empréstimos à agricultura, enquanto buscava diminuir os da indústria; rebaixando o custo de capital na forma de subsídio cambial para as importações de equipamentos para a indústria; regulando o preço da força de trabalho e formando um exército industrial de reserva; mas, principalmente, na expansão de créditos a taxas de juros negativas, investindo na produção (como exemplo: Volta Redonda e Petrobras). Nessa circunstância, a agricultura ganha um novo papel: de um lado, fornece um contingente de força de trabalho, que forma o exército industrial de reserva; de outro, fornece alimentos e matéria prima, não obstaculizando o processo de acumulação urbano-industrial. Ainda são introduzidas novas relações de produção no campo, que tornam viável a agricultura comercial de consumo interno e externo pela formação de proletariado rural sem direitos. Em linhas gerais, essa foi a fórmula que a burguesia encontrou, no Brasil, para aumentar os seus lucros, a partir da diminuição do custo de reprodução da força de trabalho: formação de uma superpopulação relativa ou exército industrial de reserva; um proletariado rural sem garantia de direitos e produção de subsistência fornecendo, principalmente, alimentos. A conciliação entre o crescimento industrial e agrícola foi possível mediante o tratamento de controle da economia agrário-exportadora, com os confiscos parciais de lucro; no entanto, esse confisco parcial de lucro foi compensado com o fato de o crescimento urbano-industrial ter permitido às atividades agropecuárias manterem seu padrão, baseado numa superexploração da força de trabalho.

A partir dos anos cinquenta, começa a haver um maior impulso tecnológico no próprio campo. O Estado será de suma importância no sentido de assegurar essa modernização tecnológica, a mecanização de grandes fazendas, com financiamento subsidiado, e outros mecanismos, além de processos de expropriação e mobilidade do trabalho, que também provocou conflitos e luta pela terra. A mobilização que surgiu desse processo despertou inquietações no pacto da classe dominante, que se viu forçada a garantir o bloco hegemônico, lançando mão da ditadura empresarial-militar.

A concentração de terra aumentou durante o período da ditadura empresarial-militar de 1964, garantindo a concentração empresarial na atividade agrícola, por meio da liquidação de grande parte do patrimônio devoluto em favor de grandes capitalistas. Houve, ainda, um aprofundamento das relações técnicas da agricultura com a indústria e de ambos com o capital internacional. Consolidou as bases do processo de modernização com a permanência da grande propriedade, um pacto agrário tecnicamente modernizante e socialmente conservador (que também é chamado de modernização conservadora), que, simultaneamente à integração técnica da indústria com a agricultura, trouxe ainda para o seu abrigo as oligarquias rurais ligadas à grande propriedade.

Em 1967, por exemplo, o Brasil possuía 3.638.931 imóveis rurais. Desses, 1,4% (50.945) eram imóveis classificados como grandes propriedades (mais de 1000 hectares) e ocupavam 48,9% (176.091.002 ha) da área total de 360.104.300 hectares. Já em 1972, o número total de imóveis era de 3.387.173 e as grandes propriedades representavam apenas 1,5% (50.548), ocupando 51,4% (193.749.742 ha) da área total (370.275.187 ha). E em 1978, o total de imóveis era 3.071.085, e as grandes propriedades representavam 1,8% (56.546), ocupando 57% (246.023.591 ha) da área total (419.901.870 ha). Por outro lado, as propriedades, com área inferior a 100 hectares representavam em número em 1967, 86,4% (3.144.036) mas ocupavam uma área de apenas 18,7% (67.339.504 ha). Em 1972, eram 85,8% (2.905.416) e detinham 17,5% (61.096.524 ha) da superfície agricultável, e em 1978, eram 83,8% (2.581.838) ocupando 14,8% (59.939.629 ha) da área total9.

Esse processo de modernização conservadora é caracterizado, de um lado pela mudança na base técnica de meios de produção utilizados na agricultura, com a presença crescente de insumos industriais (fertilizantes, defensivos, corretivos do solo, sementes melhoradas, combustíveis líquidos, etc.), e de máquinas industriais (tratores, colhedeiras, implementos, equipamentos de irrigação, etc.); de outro, por uma integração entre a produção primária de alimentos e matérias-primas e vários ramos industriais (oleaginosos, moinhos, indústrias de cana e álcool, papel e papelão, fumo, têxtil, bebidas, etc.). Esse bloco do capital, logo em seguida, constitui a estratégia do agronegócio, que vem crescentemente dominando a política agrícola do Estado10.

O agronegócio, na acepção brasileira do termo, é uma associação do capital monopolista com a grande propriedade fundiária. Uma complexa articulação de capitais direta e indiretamente vinculados aos processos produtivos agropecuários, que se consolida no contexto neoliberal sob a hegemonia de grupos multinacionais, que realiza uma estratégia econômica de capital financeiro, perseguindo o lucro e a renda da terra sob patrocínio de políticas de Estado11. Isto é, o agronegócio é uma associação do grande capital com a grande propriedade fundiária, sob a mediação do Estado, junto ao comércio internacional. O agronegócio envolve uma ampla articulação de capitais, sob o controle de grupos econômicos multinacionais e cuja maximização de lucros é viabilizada, de um lado, por se inserir em um contexto de mundialização do capital em forma neoliberal, em que os capitais têm ampla liberdade de circulação, em que ocorre uma rápida difusão de informações, técnicas e tecnologias e, simultaneamente, uma intensa precarização do trabalho. O Estado viabiliza o agronegócio, garantindo recursos e condições políticas e jurídicas para suas atividades, principalmente a produção e a exportação de commodities (portanto, considerar qualquer produção agropecuária como agronegócio é um equivoco que só interessa à classe dominante, faz parte da manipulação ideológica do agronegócio a generalização do termo).

Os números disponíveis sobre a estrutura fundiária do Brasil mostram que as propriedades maiores de 1000ha, que representam 1,474% dos imóveis rurais (81.331) de um total de 5.498.535, concentram 52,79% (319.609.244,32ha) de uma área total de 605.387.746,06ha. Enquanto isso, as propriedades até 100ha representavam 86.18% dos imóveis (4.738.742), ocupam 17,18% da área (104.020.700,41ha). Ou seja, a maioria dos imóveis ocupam pouca terra, enquanto que a minoria, que é de grandes proprietários, ocupa muita terra12.

Embora o agronegócio esteja colocando para produzir, grande quantidade de terras, que antes eram utilizadas como reserva de valor - no Brasil, grande parte das terras ainda são utilizadas como reserva de valor, são especulativas e rentistas. Os Bancos ainda estão entre os grandes proprietários de terra, como o Banco do Brasil S/A e o Banco Bradesco S/A, em 4º e 6º lugar, com 164.974ha e 131.347ha, respectivamente, possuindo terras em todos os estados do país. Ressalta-se que, alguns pesquisadores apontam que, depois da crise de 2008, houve uma considerável aplicação de capitais, na compra de terras, aqui no Brasil, para utilizar como reserva de valor13.

Nesse sentido, o agronegócio controla 70% das áreas produtivas; 90% dos recursos públicos para o financiamento e produz somente 50% dos alimentos; enquanto o campesinato possui apenas 30% das áreas produtivas; apenas 10% dos recursos públicos de créditos, todavia produz 50% dos alimentos14. Isso ocorre porque a prioridade do agronegócio é produzir commodities, e não alimentos. Mesmo com pouca terra, apenas uma quarta parte da área dos estabelecimentos agropecuários, a agricultura familiar camponesa tem peso fundamental na cesta básica dos brasileiros. Os estabelecimentos familiares são responsáveis por 87% da produção nacional de mandioca, 70% de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 21% do trigo. Ainda respondem por 58% da produção do leite, 59% do plantel de suínos, 50% das aves e 30% dos bovinos. 38% do valor bruto da produção, uma produção avaliada em R$ 54,4 bilhões por ano, são devidos à agricultura familiar. E os ganhos têm sido maiores nos estabelecimentos de até 10 hectares, R$ 3.800,00/ha de receita15.

Toda essa concentração de terras, que atravessa a história do país e perdura até os dias atuais, estabeleceu-se com conflitos, que, da mesma forma, mantém-se presente no campo brasileiro. Portanto, a luta pela terra, pela reforma agrária se choca com a ordem capitalista em curso, torna-se uma luta anticapitalista, ainda que nem todos que lutam por ela tenham plena convicção disso.

NOTAS

1 Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

2 MARX, Karl. O Capital - Crítica da Economia Política: O Processo de Produção do Capital. 22. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. Livro 1, vol. 2.

3 Foi uma série de leis cujo objetivo era a defesa dos interesses dos proprietários de terra ingleses. As primeiras datam ainda do século XV. Em 1815, garantia poder irrestrito aos proprietários fundiários, inclusive proibindo a importação de grãos, caso o valor não obedecesse às normas estabelecidas na lei. Em 1828, o objetivo era elevar as taxas de importação de cereais toda vez que os preços caíam no mercado interno e vice-versa. E, já em junho de 1846, o Parlamento inglês suprimiu todas as restrições à importação de cereais submetendo os proprietários fundiários ingleses à competição com a propriedade fundiária do estrangeiro (idem).

4 MAZZEO, Antonio Carlos. Burguesia e Capitalismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Ática, 1995, 83p.

5 STÉDILE, João Pedro. A luta pela reforma agrária e o MST. In: STÉDILE, João Pedro (Org). A Reforma Agrária e a Luta do MST. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 95-110.

6 PAULINO, Eliane Tomiasi; ALMEIDA, Rosemeire Aparecida de. Terra e Território: a questão camponesa no capitalismo. São Paulo: Expressão Popular, 2010, 107p.

7 OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2011, 150p.

8 Idem.

9 OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo de Produção Capitalista, Agricultura e Reforma Agrária. São Paulo: FFLCH/Labur Edições, 2007.

10 DELGADO, Guilherme. A questão Agrária no Brasil, 1950-2003. Disponível em: <http://www.geomundo.com.br/Guilherme-C-Delgado-A-Questao-Agraria-no-Brasil.PDF>. Acesso em: 20 de Jan. de 2013.

11 CAMPOS, Christiane Senhorinha Soares Campos. A face feminina da pobreza em meio à riqueza do agronegócio. São Paulo: Expressão Popular, 2011, 200p.

12 GOMES JUNIOR, Newton Narciso; SILVA, Raimundo Pires; ANDRADE, Erica Ramos. A balança comercial do agronegócio brasileiro e a questão fundiária. Disponível em: <http://postcolonialist.com/global-perspectives/a-balanca-comercial-do-agronegocio-brasileiro-e-a-questao-fundiaria/>. Acesso em: 20 de dez. de 2013.

13 OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. O Estado e a Questão agrária na Panamazônica. In: V Simpósio Internacional e IV Simpósio Nacional de Geografia Agrária. Pará: UFPA, 2011.

14 CONCEIÇÃO, Alexandrina Luz. Estado, Políticas públicas e reordenamento social e territorial do trabalho. In: ANDRADE, Eliziário Souza; SILVA, Francisca de Paula Santos da. Estado e Políticas Públicas: a construção do consenso neoliberal. Bahia: Eduneb, 2012, p. 135-160.

15 PLEBISCITO POPULAR. Limite da propriedade da terra - 2010. Disponível em: <www.limitedaterra.org.br>. Acesso em: 20 de Jan. de 2014.




quinta-feira, 28 de julho de 2016

EDITAL DE CONVOCAÇÃO: Convenção Municipal do PCB/Aracaju



O Presidente da Comissão Executiva Municipal do Partido Comunista Brasileiro – PCB , do Município de Aracaju/SE, na forma da legislação eleitoral vigente, ( Lei nº 9.504/97 e resolução Nº 23.455, de 15/12/2015 e do Estatuto desta Agremiação Partidária) convoca os convencionais com direito a voto, para comparecerem à Convenção Municipal do PCB , a ser realizada no dia 05 de agosto de 2016,  das 14 ás 18 horas, na Rua Sargento Brasiliano, 123, Bairro  Santos Dumont deste Município de Aracaju, com a seguinte pauta:

ORDEM DO DIA:

1- Deliberação sobre coligações partidárias. Discussão, aprovação e nome(s) da(s) coligação(ões);
2- Escolha dos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito;
3- Escolha dos candidatos a Vereadores;
4- Sorteio dos respectivos números para candidatos a Vereadores;
5- Outros assuntos de interesse partidário e eleitoral.

Aracaju, SE 28 de julho de 2016

LEONARDO VICTOR DIAS
Presidente da Comissão Executiva Municipal do PCB