O índice de desemprego no Brasil ultrapassou a marca dos 10 milhões
de desempregados. Além disso, o quadro de recessão atinge diretamente as
negociações salariais, segundo pesquisa realizada pelo DIEESE
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos):
cerca de 52% dos reajustes salariais obtidos por diferentes categorias
em 2015 (num universo de 708 negociações na indústria, comércio
e serviços) representaram ganhos um pouco acima do INPC; 30% empataram
com a inflação e 18% ficaram abaixo dela. Houve um aumento significativo
de negociações que obtiveram apenas a reposição das perdas ou ficaram
abaixo da inflação em relação a 2004. Cresceu também o número de
categorias que parcelaram o reajuste em duas ou mais vezes. Neste ano de
2016, as dificuldades são ainda maiores para obtenção de negociações
favoráveis aos trabalhadores. Tudo isso demonstra estar em curso um
brutal arrocho salarial.
As crises são fenômenos inerentes ao sistema capitalista, oriundas da
contradição central entre o caráter social da produção e a apropriação
privada de seus resultados e são fruto das contradições gerais do
sistema que se acumulam ao longo do processo de desenvolvimento das
forças produtivas e de concorrência entre as empresas. No momento em que
explodem as crises, o capital necessita queimar forças produtivas,
frear a produção e o consumo, reduzir mercados, destruir o poder de
compra da moeda, rebaixar salários e demitir em massa, aumentando ainda
mais o exército de reserva, para recriar, mais adiante, as condições
favoráveis à retomada dos investimentos com taxas de lucro aceitáveis. A
crise torna a burguesia mais agressiva e evidencia de maneira mais
clara os projetos do capital, que avança sobre as finanças do Estado,
suprime direitos e garantias dos trabalhadores e ataca as liberdades
democráticas duramente conquistadas pelos trabalhadores ao longo da
história.
No Brasil, mesmo que os bancos continuem fazendo a festa (em 2015, o
Itaú Unibanco lucrou mais de 23 bilhões de reais, seguido pelo Bradesco –
R$ 17, 19 bilhões, Banco do Brasil – R$ 14,4 bi, Caixa – R$ 7,2 bi,
Santander – R$ 6,6 bi), a crise econômica, associada à crise política de
grande vulto que atinge o projeto petista de pacto social e conciliação
de classes, também serve como oportunidade para que os capitalistas
busquem impor a superexploração dos trabalhadores, com ameaças à rede de
proteção da força de trabalho existente, traduzida na legislação social
e trabalhista.
Na agenda política em curso, com as principais ações sendo
desempenhadas por uma coligação de forças ainda mais conservadoras e
reacionárias que as comandadas pelo petismo, pretende-se acelerar o
processo já em andamento de retirada de direitos e de precarização da
força de trabalho. A conjuntura aponta para um quadro de acirramento da
luta de classes. Se, por um lado, a burguesia tende a levar vantagem
neste confronto, estão mais reduzidas as possibilidades de conciliação e
ilusão de classes, o que poderá levar a resistência dos trabalhadores e
setores populares a um novo patamar.
O PCB conclama sua militância, simpatizantes e aliados a somar
esforços pela construção de um Bloco de Lutas de todas as forças
anticapitalistas e para a realização de um Encontro Nacional da Classe
Trabalhadora e dos Movimentos Populares. No dia a dia das lutas dos
trabalhadores, coloquemos em perspectiva a necessidade da construção do
Poder Popular, rumo ao Socialismo.
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http://pcb.org.br/portal2/11019