Quero em âmbito pessoal, repudiar veementemente, como
cidadão e trabalhador da educação, o "Projeto Escola Livre" de sua
autoria. Seu projeto é essencialmente desnecessário e fora do contexto
democrático contemporâneo, fere em toda sua circunstância a própria
liberdade que preexiste na sala de aula, além de não representar
qualquer tipo de benefício didático-pedagógico as minhas aulas.
Sim, sou professor da disciplina História da rede estadual,
e por razões óbvias e não partidárias nada do que exista nesse projeto
vai alterar a forma como planejo e ministro minhas aulas. A neutralidade
só serve a um tipo de educação, a subserviente e acovardada, disso já
temos o suficiente na Assembleia Legislativa.
A sala de aula não é minha, a sala de aula é do aluno/a, e
no que cabe a excelência pedagógica jamais permitirei que projetos dessa
natureza influenciem a maneira como se deve conduzir uma aula. Peço,
que antes de pensar sobre a educação visite uma escola, procure saber
como elas estão, veja de perto, e não apenas em campanha.
O senhor como deputado nessa democracia (fictícia e
periférica que é a de Alagoas), não possui as prerrogativas legais para
tomar atitudes sem antes conhecer a dinâmica de uma escola. Não queira
usar seu cargo para "aparecer" na mídia local e nacional com ideias
absurdas e sem efeito lógico. Sei que não será o senhor que vai ler essa
mensagem, mas sei que estou fazendo a minha parte, me indignando como
profissional, e carregando comigo esse sentimento justamente para onde
esse projeto não terá espaço.
Me entristece saber que gente como você representa uma
sociedade tão carente de conhecimento como a nossa, me desagrada saber
que Alagoas possui deputados iletrados quando se trata de querer fazer
alguma coisa pela educação. Mas, de qualquer forma se quiser fazer
realmente alguma coisa, primeiro escute professores/as, alunos/as, pais
de alunos, as pessoas que formam o pessoal de apoio, enfim, não seja um
incapaz, aprenda a escutar a comunidade estudantil e reconhecer aquilo
que não temos, como formação continuada (mestrado e doutorado), salas de
aula temáticas, laboratórios, quadras esportivas, concurso para pessoal
de apoio, amparo fora da sala para os alunos/as com dificuldades e
limitações de aprendizagem, escolas ambientadas com climatizadores para
dar qualidade de aula a professores/as e alunos/as, transporte digno e
pontual, fomento a práticas esportivas, e a formação de cursos
profissionalizantes atuais e tradicionais, etc.
Enfim, reitero que antes de escrever qualquer bobagem sobre
a educação, procure vivenciar o cotidiano que passamos nas escolas,
assim quem sabe o voto dado por muitos deles e pelos seus pais possam de
fato valer a pena.
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* Adriano Ribeiro, professor de História da rede estadual em Porto Real do Colégio/AL
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* Adriano Ribeiro, professor de História da rede estadual em Porto Real do Colégio/AL