quinta-feira, 31 de maio de 2018

ARTIGO: Caminhoneiros – o poder de estagnar o país – queda da economia - sociedade egocêntrica

Por Leticia Kirchnner*

Nos últimos dias, em que crises e turbulências são vividos no país e onde freneticamente se anseia o início do fim da Era Faraônica Michel Temer, presenciamos que o grande cão, embora acurralado em virtude de sua impopularidade, não pretende largar o osso; buscando em todo o tempo repassar as culpas do retrocesso da nação (que só têm sido lembrados agora), nas mãos daqueles que carrega o país nas cargas – os caminhoneiros.

O ato dos caminhoneiros, que chega ao décimo primeiro dia de paralização, nos traz a ideia de que a classe se tornou o quarto poder do país. Já que são eles os responsáveis por cerca de 70% dos serviços de cargas rodoviárias, o que movimenta a economia. Se os caminhoneiros param, a economia sofre as consequências. Desta forma somos conhecedores de que quem comanda a sociedade é o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações específicas locais, como os caminhoneiros.

A paralização se deu em razão dos constantes reajustes nos combustíveis. Ação que afeta toda população; e se tem aumento no combustível, há disparadas na economia. Assim como nos produtos que sofrem aumento de preços. A saber, fretes e mercadorias. Com isto, percebemos que o poder de uma nação não se encontra dentro da política, mas dentro da economia. 

Se a economia cai, com ela vai junto outros setores. Se de um lado temos a economia abalada, do outro, temos uma política manchada e corrupta. Se conhecemos as falhas do governo, em contrapartida, vemos a mídia criminalizar a ação dos caminhoneiros. Parece até que a única coisa que não querem é que o povo brasileiro decida sobre o destino de seu país.

Resistentes às pressões do Governo, os manifestantes mantêm a greve em vários estados. Nos surpreende como uma classe aparentemente tão simples e invisível para alguns, pôde ter o poder de estagnar a economia do país.

Num momento onde devíamos ver todos unidos para derrubar o governo, presenciamos atitudes egocêntricas de parte da população. É notório que o jeitinho brasileiro faz jus aquele velho ditado: “farinha pouca, meu pirão primeiro”; e nesse momento onde se manifesta a indignação. 
A população cooperando com o aumento da corrupção, acreditando ser o início de um período apocalíptico. Cada um garantindo seus estoques. Digladiando entre si. Comerciantes vendendo  produtos com preços alterados, causado assim desrespeito ao código de defesa do consumidor... Tudo isso para garantir o lucro. 

Com isso, conclui-se que a crise tão comentada atualmente no nosso país, não é somente econômica ou política, ela é sobretudo de origem moral. É fruto das raízes geridas na esperteza do colonialismo. Portanto, está em sua essência. Nesse caso, vale ressaltar que nenhum  governo, ou categoria, poderá resolver o problema da índole humana. Enquanto não abandonarmos o nosso “jeitinho brasileiro” e a nossa desumanização, para as chagas do Brasil nunca haverá remédio. 

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(*) Jornalista formada pela Universidade Federal de Sergipe, escreve para o Tribuna da Praia desde 2017.


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