O recém empossado presidente interino Michel Temer, em seus primeiros
atos e pronunciamentos, deixou claras as linhas mestras que nortearão o
seu governo. O Ministério anunciado é uma combinação de nomes que, em
sua maioria, sempre ocuparam espaços junto ao poder político,
representando interesses fisiológicos de seus partidos e do grande
empresariado. Ironicamente, parte dos ministros está arrolada em
investigações de suspeita de corrupção (alguns
até já foram defenestrados de seus cargos por isso), e o ministro que
comanda a economia, Henrique Meirelles, ex-integrante do governo Lula, é
ligado à banca internacional.
As medidas anunciadas pelo governo, representante puro sangue da
burguesia, baseadas no projeto do PMDB “Ponte para o Futuro”, na Agenda
Brasil (já em curso no governo Dilma) e vários projetos de lei que
tramitam no Congresso, apontam para a brutalidade do ajuste necessário
ao capital, aprofundando o ataque aos direitos dos trabalhadores e o
retrocesso social e cultural. Mais cortes são anunciados nas áreas
sociais, com propostas de diminuição e descaracterização do SUS,
privatização do ensino em todos os níveis, uma nova contrarreforma da
previdência, flexibilização ou extinção de licenças ambientais, além do
famigerado PL 257, que pretende impor o congelamento de salários e
estancamento das carreiras, tornando letra morta a estabilidade no
emprego dos funcionários públicos. A ofensiva obscurantista se expressa,
também, no fechamento inicial do Ministério da Cultura, no retrocesso
na pauta dos quilombolas e nações indígenas, no Estatuto da Família em
tramitação, na restrição ao debate de gênero, das bandeiras LGBT e do
livre direito de opinião no ato educativo, tal como se expressa nas
diferentes iniciativas da chamada Escola sem Partido.
A política de austeridade é velha conhecida dos trabalhadores, sobre
os quais sempre recai a recessão causada pela redução dos investimentos
públicos. Austeridade é sinônimo de desemprego, miséria, ataques a
educação e saúde públicas, às aposentadorias. Implica sempre em retirada
de direitos trabalhistas e sociais, assim como em redução do poder de
compra dos salários. Lastreia-se na crença de que a economia de “livre”
mercado se recuperará, “naturalmente”, com a criação de um “clima de
confiança” para os grandes investidores, para os quais são apresentadas
condições favoráveis para a reprodução e acumulação do capital, com o
barateamento da força de trabalho e o “enxugamento” do Estado,
centralmente por meio de mais privatização de empresas públicas.
A luta, no entanto, continua. Nas ruas, locais de trabalho, moradia e
estudo, os trabalhadores, as trabalhadoras e a juventude, organizados
nos movimentos sindical e popular, têm que fazer valer seus direitos,
colocando o novo governo em cheque. É nas lutas que poderemos obter
novas conquistas e derrotar esse governo ilegítimo, denunciando os
golpes impostos pelo capital e buscando construir o caminho para a
superação do capitalismo.
Diante do novo quadro político, o Partido Comunista Brasileiro (PCB)
propõe a criação de um Bloco de Lutas, que reúna o conjunto das
organizações anticapitalistas, das entidades atuantes no movimento
sindical e popular, com vistas à unificação das lutas sociais e
políticas. Nesse sentido, propomos que sejam tomadas iniciativas para a
realização de um grande Encontro da Classe Trabalhadora (ENCLAT), unindo
na luta os sindicatos, movimentos sociais e populares do campo
classista.
Nenhuma trégua ao governo Temer! Nenhum direito a menos!
http://pcb.org.br/portal2/11417