sábado, 11 de junho de 2016

MARIA TERESA: Uma trajetória que se confunde com a história de Japaratuba

Agricultora e cabacinheira, ela nasceu na terra de Nossa Senhora e escolheu a “aldeia” do cacique para prosperar uma tribo da melhor cepa;
* por Claudomir Tavares | claudomir21@gmail.com

Maria Teresa
Há 111 anos nascia em 11 de junho de 1905, sob as bênçãos de Nossa Senhora do Desterro, padroeira do atual município de Japoatã, Maria Teresa, que mais tarde adotaria outro rincão abençoado por Nossa Senhora (da Saúde), onde passou a residir e prosperar na terra do Cacique Japaratuba uma das melhores tribos, sendo hoje um significativo capital humano.

A agricultora que em épocas sazonais desempenhou a função sócio-cultural (e econômica) da mais alta relevância – a de cabacinheira em tantas festas de Santos Reis e São Benedito, Dona Maria Teresa casou com o saudoso Francisco dos Santos Vieira e juntos são responsáveis por uma prole da melhor cepa, constituída de 13 filhos, 37 netos, 45 bisneto e 3 tataranetos.

Cinco gerações – A esta condição de raridade histórica – cinco gerações convivendo de forma indissociáveis, acrescenta-se o fato de ter “fugido” de casa aos 13 anos e aos 20 (em 1925) passou a residir na cidade de Japaratuba, onde ficando viúva prematuramente, criando sozinha com absoluta dignidade os frutos de seu amor, proporcionando-lhe valores irretocáveis, que são multiplicados ainda hoje.

Primeira eleitora – Quando dona Maria Teresa nasceu o município de Japaratuba, cuja emancipação política se dera também em um 11 de junho (1859, possuía 46 anos, mas ainda sem autonomia administrativa, o que se daria apenas a partir de 1934, quando já com 29 anos, exerceu a cidadania votando na primeira eleição para prefeito e vereadores, sendo ela entre nós, a única remanescente deste momento que marcaria a história política.
  
Testemunha da História – Residente e domiciliada a Praças Nações Unidas, 73, é estemunha ocular da história cultural de sua terra, foi contemporânea de ilustres japaratubenses, como o gênio universal das artes plásticas Arthur Bispo do Rosário (não o conhecendo pessoalmente), do advogado Gonçalo Prado Rollemberg, dos mestres Cural, Sirico, Batinga e Nego, da professora Maria de Souza Campos e tantos e tantas que assim como ela são patrimônios humanos de valor incalculável.

Museu da pessoa – Maria Tereza é um “museu da pessoa” e guarda momentos grandiosos dos ciclos culturais de seu torrão, como o natalino (que em Japaratuba começa com a Festa de Nossa Senhora da Saúde, passa pelas homenagens ao nascimento do menino Jesus e culmina com as celebrações dos santos padroeiros negros), dos carnavais ainda nos tempos dos entrudos, da riqueza do junino que começa em março e se estende até junho e do folclore, cuja cidade possui um dos mais importantes mosaicos em Sergipe.

Dona Teresa de Japaratuba – No dia em que Japaratuba celebra seus 157 anos de emancipação política (pois de história e ocupação humana são centenas), a Rede Popular de Comunicação Alternativa, através do portal Tribuna da Praia e da Rádio Serigy, soma-se a família Vieira (como são conhecidos os integrantes) e por extensão a todos que reconhecem em dona Teresa a singularidade de tantas lições e histórias para contar e serem contadas para as atuais e futuras gerações.
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* Claudomir Tavares (47). Cidadão honorário de Japaratuba, professor de História (rede estadual em Propriá), Sociedade e Cultura (rede municipal em Pirambu). Licenciado em História pela UFS, membro do GEPEPP, CCP, CEMARX e da Academia Propriaense de Letras. Diretor-Fundador da Tribuna da Praia.