* por Claudomir Tavares | claudomir21@gmail.com
Maria Teresa |
A agricultora que em épocas sazonais desempenhou a função sócio-cultural (e econômica) da mais alta relevância – a de cabacinheira em tantas festas de Santos Reis e São Benedito, Dona Maria Teresa casou com o saudoso Francisco dos Santos Vieira e juntos são responsáveis por uma prole da melhor cepa, constituída de 13 filhos, 37 netos, 45 bisneto e 3 tataranetos.
Cinco gerações – A esta condição de raridade histórica – cinco gerações convivendo de forma indissociáveis, acrescenta-se o fato de ter “fugido” de casa aos 13 anos e aos 20 (em 1925) passou a residir na cidade de Japaratuba, onde ficando viúva prematuramente, criando sozinha com absoluta dignidade os frutos de seu amor, proporcionando-lhe valores irretocáveis, que são multiplicados ainda hoje.
Primeira eleitora – Quando dona Maria Teresa nasceu o município de Japaratuba, cuja emancipação política se dera também em um 11 de junho (1859, possuía 46 anos, mas ainda sem autonomia administrativa, o que se daria apenas a partir de 1934, quando já com 29 anos, exerceu a cidadania votando na primeira eleição para prefeito e vereadores, sendo ela entre nós, a única remanescente deste momento que marcaria a história política.
Testemunha da História – Residente e domiciliada a Praças Nações Unidas, 73, é estemunha ocular da história cultural de sua terra, foi contemporânea de ilustres japaratubenses, como o gênio universal das artes plásticas Arthur Bispo do Rosário (não o conhecendo pessoalmente), do advogado Gonçalo Prado Rollemberg, dos mestres Cural, Sirico, Batinga e Nego, da professora Maria de Souza Campos e tantos e tantas que assim como ela são patrimônios humanos de valor incalculável.
Museu da pessoa – Maria Tereza é um “museu da pessoa” e guarda momentos grandiosos dos ciclos culturais de seu torrão, como o natalino (que em Japaratuba começa com a Festa de Nossa Senhora da Saúde, passa pelas homenagens ao nascimento do menino Jesus e culmina com as celebrações dos santos padroeiros negros), dos carnavais ainda nos tempos dos entrudos, da riqueza do junino que começa em março e se estende até junho e do folclore, cuja cidade possui um dos mais importantes mosaicos em Sergipe.
Dona Teresa de Japaratuba – No dia em que Japaratuba celebra seus 157 anos de emancipação política (pois de história e ocupação humana são centenas), a Rede Popular de Comunicação Alternativa, através do portal Tribuna da Praia e da Rádio Serigy, soma-se a família Vieira (como são conhecidos os integrantes) e por extensão a todos que reconhecem em dona Teresa a singularidade de tantas lições e histórias para contar e serem contadas para as atuais e futuras gerações.
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* Claudomir Tavares (47). Cidadão honorário de Japaratuba, professor de História (rede estadual em Propriá), Sociedade e Cultura (rede municipal em Pirambu). Licenciado em História pela UFS, membro do GEPEPP, CCP, CEMARX e da Academia Propriaense de Letras. Diretor-Fundador da Tribuna da Praia.